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Centro Educacional da Fundação Salvador Arena

Home office e a velha economia

Um dos temas mais discutidos nas redes sociais no momento refere-se ao home office, ou trabalho remoto. Por muito tempo, as empresas rejeitaram esse modelo provavelmente por acreditar que os funcionários não iriam obter os resultados esperados com essa estratégia. Mas, neste período em que estamos vivendo, é praticamente impossível não pensar nessa modalidade de prestação de serviços.

Lembro que, durante minha passagem por empresas de Contact Center, era praticamente proibido ofertar essa opção para os funcionários mesmo que fosse possível obter uma brusca redução de custo.

Como muitos têm acompanhado, nos últimos meses, as empresas não tiveram outra alternativa a não ser a de se adaptar de maneira quase que instantânea a esta crise, modificando toda a sua operação para que não houvesse impacto para os clientes. Até aí tudo bem, mas o fato é que parece que as empresas gostaram desse modelo.

A XP, famosa corretora de valores, já anunciou que os seus funcionários ficarão em home office até o final do ano e que pode inclusive cancelar a inauguração de um novo prédio para mais funcionários, assim como o Nubank e o Facebook; da mesma forma, o escritório do Twitter em São Paulo já anunciou que vai manter toda a sua operação de maneira remota.

Mas o que significa isso? Podemos considerar que todos aqueles prédios “faraônicos” da Avenida Faria Lima, em São Paulo, vão ficar vazios? Não é bem assim. Só o Google ocupa um espaço de 10 mil metros quadrados em um dos prédios em São Paulo , o qual já possui 16% de vacância.

Um estudo dos alunos dos 6º e 7º semestres do curso de Administração da FTT correlacionou a taxa Selic em relação às aquisições de imóveis durante o mesmo período. Pode-se deduzir assim que, quando a Selic cai, há um aumento nas aquisições de imóveis, conforme demonstra o gráfico abaixo.

A mudança de cultura das empresas com relação ao home office neste momento trará alguns impactos na velha economia, mas isso não significa que a antiga estrutura está fadada ao desaparecimento. Novas empresas surgirão e provavelmente os espaços vagos serão ocupados; portanto, existe a possibilidade de que essa tendência de trabalho a distância seja apenas uma euforia passageira.

As culturas organizacionais não mudam repentinamente; assim sendo, a velha economia continuará a existir e talvez consiga até se reformular. Ela só irá precisar de um tempo para se adaptar à nova realidade. O home office pode não durar para sempre, mas representa uma nova categoria de método de trabalho.

No estudo dos alunos de Administração da FTT, uma correlação entre Produto Interno Bruto (PIB) e os financiamentos de imóveis também demonstra que, ao longo do tempo, quando o PIB retrai, há queda nos financiamentos, mas ao longo de alguns trimestres ocorre a recuperação desse índice e, consequentemente, incremento na quantidade de financiamentos imobiliários.

Neste caso, mesmo com o impacto da covid-19 na economia mundial e na do Brasil, percebe-se que estamos nos mesmos patamares de ciclos anteriores. Não é possível saber se o home office irá afetar o contexto econômico, mas os dados demonstram que em algum momento “o trem irá voltar aos trilhos”, ou seja, a economia retornará ao seu ciclo normal de desenvolvimento.

Atualmente temos a taxa Selic nos menores patamares e até mesmo o número de negociações dos fundos imobiliários (FIIs) aumentou saindo de um patamar de volume diário de negociações de 130 milhões de reais em 2019 para 219 milhões em 2020.

Não sabemos o que ocorrerá no futuro, mas os indicadores nos mostram que temos todos os elementos para que haja uma recuperação econômica vigorosa. Se as empresas vão mudar o estilo de trabalho em relação ao home office, adotando-o de forma permanente ou não, também não sabemos, mas podemos afirmar com certa dose de otimismo que, no futuro próximo, teremos bons mares para navegar novamente.

 

Colaboração:

  • Eduardo Cezar de Oliveira (Professor da FTT) – Graduado em Administração / Mestre em Contabilidade / Doutorando em Finanças
  • Guilherme Feltrin (aluno de Administração da FTT)
  • John Yoshida (aluno de Administração da FTT)
  • Bruno Fernandes (aluno de Administração da FTT)

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