Nos dias de hoje, é cada vez mais comum encontrarmos redes Wi-Fi em locais como supermercados, shoppings, hospitais e outros estabelecimentos comerciais. Para acessar essas redes, muitos desses locais exigem um cadastro prévio, solicitando informações como e-mail e CPF do usuário. No entanto, alguns pequenos empreendedores optam por disponibilizar a senha do Wi-Fi em um cartaz na parede, permitindo o acesso à internet sem a necessidade de cadastro.
No ambiente doméstico, ao compartilharmos nossa internet com amigos ou vizinhos, frequentemente fornecemos apenas a senha do Wi-Fi, sem nos preocuparmos com os sites que eles acessam ou com as atividades on-line que realizam.
Embora algumas pessoas acreditem que é impossível serem identificadas ao cometerem atos ilegais pela internet, essa ideia está longe de ser verdadeira. Por isso, muitos estabelecimentos que oferecem Wi-Fi gratuito solicitam o cadastro dos usuários por meio de uma página que se abre automaticamente ao acessar a rede. Esse tipo de serviço é gerenciado por um proxy, que monitora e controla o tráfego, e por um captive portal, que exige login ou registro antes de liberar o acesso à internet. Além disso, é possível contratar empresas especializadas na gestão desses serviços, que mantêm registros detalhados de todos os sites acessados, vinculando-os ao cadastro de cada usuário.
Caso algum crime seja cometido utilizando esse canal da internet, a empresa fornecedora do Wi-Fi estará protegida, pois possui registros detalhados dos acessos. O processo de identificação é relativamente simples: por exemplo, se uma rede social como o Facebook receber um mandado judicial para fornecer o IP de uma conta suspeita, a polícia poderá consultar o Registro.br (entidade responsável pela administração de IPs no Brasil) para identificar o provedor de internet responsável. Esse provedor, por sua vez, identificará quem estava utilizando o IP no momento da atividade suspeita, seja uma pessoa física ou uma empresa.
Da mesma forma, se a empresa que oferece o Wi-Fi aos clientes registra os acessos de cada usuário, poderá fornecer essas informações às autoridades. No entanto, quando compartilhamos nossa internet doméstica ou utilizamos uma senha insegura, que pode ser facilmente descoberta por meio de técnicas de força bruta, geralmente não temos controle sobre o acesso de terceiros. Se alguém utilizar sua rede para cometer um crime, o provedor de internet associará a atividade ao seu cadastro, e você poderá enfrentar dificuldades para provar que não foi o responsável pelo mau uso. Isso ocorre porque, ao compartilhar sua senha, você não tem como monitorar detalhadamente os registros de acesso de terceiros.
Para se proteger, muitos roteadores oferecem a opção de configurar uma rede para visitantes, que é separada da sua rede doméstica principal. Embora essa rede utilize uma senha diferente, ela ainda não permite um controle detalhado sobre o acesso ou a associação de atividades específicas a cada usuário. A melhor solução para evitar problemas é não compartilhar sua rede doméstica com terceiros.
- WiFire. O guia completo sobre Hotspot Wi-Fi! 2023. Disponível em: https://blog.wifire.me/o-que-e-hotspot-wi-fi/. Acesso em: 15 set. 2024.
- BRAGA, Diego Campos Salgado. Métodos de investigações no âmbito cibernético. 2018. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/metodos-de-investigacoes-no-ambito-cibernetico/1291111434. Acesso em: 15 set. 2024.
- ROHR, Altieres. Localização de endereço de IP: entenda como pode ser feito o rastreamento e o que é mito. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/tecnologia/blog/altieres-rohr/post/2021/03/02/localizacao-de-endereco-de-ip-entenda-como-pode-ser-feito-o-rastreamento-e-o-que-e-mito.ghtml. Acesso em: 15 set. 2024.
• Autor: Duarte Pires, aluno do curso de Engenharia de Computação, da Faculdade Engenheiro Salvador Arena
• Orientador: Professor Dr. Fábio Henrique Cabrini
