Romances de formação, do alemão “Bildungsroman”, são livros que narram o caminho percorrido por um personagem rumo ao amadurecimento, ou as experiências cruciais para sua formação e o desenvolvimento de sua identidade. Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, romance de Goethe que narra a história de um jovem burguês decidido a se aventurar junto a uma trupe de comediantes é considerado o romance fundador desse gênero.
Sempre centrados na trajetória pessoal de um indivíduo, essas histórias possibilitam uma ligação intensa entre leitor e personagem. O curioso é que, em muitos casos, os romances de formação têm como personagens centrais homens ou mulheres comuns, sem grandes feitos ou qualidades. Em A Montanha Mágica, o próprio narrador já adianta, nas primeiras páginas, que Hans Castorp – o personagem principal – é um sujeito medíocre, em sua concepção. Ora, e qual a graça de ler centenas de páginas sobre a vida de uma pessoa medíocre? O próprio Thomas Mann nos explica:
“ O homem não vive somente sua vida pessoal como indivíduo; consciente ou inconscientemente, participa também da vida de sua época e de seus contemporâneos.” E “…a idade sumamente avançada de nossa história provém do fato de ela se desenrolar antes de determinada peripécia e de certo limite que abriram um sulco profundo na vida e consciência dos homens…”
(Thomas Mann – A Montanha Mágica)
Conhecer a história de um indivíduo é, portanto, conhecer vestígios da história de seu tempo e espaço, e é isso que torna os romances de formação tão fascinantes.
Indicações:
- O apanhador no campo de centeio, de J.D. Salinger
- Ciranda de pedra, de Lygia Fagundes Telles
- Minha vida de menina, de Helena Morley
- The adventures of Tom Sawyer, de Mark Twain
- O caçador de pipas, de Khaled Hosseini
- A Montanha Mágica, de Thomas Mann
- Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe
- Tetralogia Napolitana, de Elena Ferrante
Colaboração: Cintia Yamanaka (Colaboradora do CDMR)