A gramática procura, precipuamente, definir normas para a produção de textos elaborados de forma “correta”, de acordo com seus princípios. Portanto, ocupa-se na maior parte de suas disposições, com o quê e como a linguagem, oral e escrita, deve ser produzida. Mas não deixa também de destacar as formas “erradas”, ou melhor dizendo, “inadequadas”, a serem evitadas pelos que fazem uso da norma culta. Um desses temas diz respeito aos vícios de linguagem, alguns dos quais vamos mencionar neste capítulo:
- Arcaísmo: palavras ou expressões que não são mais usadas atualmente, ou ficaram fora de uso: “Fiquei mui chocado com a notícia.”(muito) “Os três dias de nojo tinham passado.” (de luto) “Responda-me por meio de ”(carta)
- Barbarismo: é todo erro cometido por falha na pronúncia, na acentuação, na ortografia, na flexão ou na semântica: “pobrema” (o correto é problema); “rúbrica” (o correto é rubrica); “mecher” (o correto é mexer); “eles proporam” (o correto é propuseram); “conserto de orquestra” (o correto é concerto).
- Neologismo: criação de novas palavras ou expressões às quais é atribuído um novo significado. “Deletar” (no sentido de apagar, esquecer); “home office” (trabalho remoto); “causar” (no sentido de provocar, gerar polêmica); “compliance” (no sentido de manter a ética, evitar corrupção).
- Ambiguidade: duplo sentido de interpretação na frase. “A mãe de Talita matou sua filha” (a filha de quem?); “O policial viu o crime do quarto” (ele estava no quarto ou o crime foi praticado no quarto?).
- Cacófato: é o uso de palavra inconveniente, ridícula ou obscena. “Eu não vi ela” “Palavras que saíram da boca dela.” “Não vi nunca gado naquele sítio.” “Lá tinha uma porção de gente.”
- Pleonasmo: uso de redundâncias desnecessárias para a transmissão de conteúdo da frase. “Sair para fora”. “Entrar para dentro”. “Descer para baixo”. “Subir para cima”. “Encarar de frente”. “Surpresa inesperada”; “Planos para o futuro.”
- Gerundismo: uso inadequado do gerúndio na tentativa de reforçar uma ideia de continuidade. “Eu vou estar enviando o e-mail” (Eu enviarei…) “Em que poderia estar ajudando?” (Em que posso ajudar?)
- Estrangeirismo: uso desnecessário e exagerado de palavras de outros idiomas: “show” (espetáculo, apresentação); “drink” (bebida ou drinque); “delivery” (entrega em domicílio); “pet” (animal de estimação).
- Solecismo: é o nome dado às construções que infringem as normas de sintaxe. Exemplos de solecismo de concordância: “Haviam muitos homens no evento” (Havia); “Fazem três anos que me formei.” (Faz). Exemplos de solecismo de regência: “Esta é a ferramenta que a empresa precisa” (de que a empresa precisa); “Assisti o filme” (assisti ao); “Fomos no” (ao parque); “Chegaram na cidade perdida” (à cidade). Exemplos de solecismo de colocação: “Me faça um favor?” (Faça-me…) “Não diga-me uma coisa dessas.” (Não me diga…)
Prezado leitor, esta série de artigos foi criada para auxiliá-lo a compreender com mais facilidade as regras gramaticais e colocá-las em prática, especialmente nas situações em que se faça necessário o uso da norma culta. Por isso, a ênfase dada foi no sentido de simplificar as regras e definições, com clareza e objetividade, e não construir mais um “compêndio hermético de gramática normativa”.
Esperamos ter alcançado esse objetivo. Caso você tenha alguma dúvida sobre a matéria desta página ou referente a qualquer dos capítulos apresentados, ou mesmo sobre técnicas de redação ou dúvida que possa surgir no uso da linguagem (falada ou escrita), entre em contato com o Setor de Comunicação do CEFSA. Estamos à inteira disposição para ajudá-lo a superar suas dificuldades no quesito Língua Portuguesa.
Colaboração: Sérgio Martins (ex-professor do CEFSA e atual colaborador do Setor de Comunicação nos serviços de revisão de textos)
Bom dia.
Gostaria que comentasse sobre algo muito comum hoje em dia, a repetição do sujeito pelo uso do pronome.
Exemplo: “O problema ele precisa ser resolvido”. Desnecessário esse “ele”.