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Centro Educacional da Fundação Salvador Arena

Desvendando a Gramática – Parte XII: Colocação pronominal – Próclise

Dando prosseguimento à nossa proposta, entramos agora num outro tema que sempre gera dúvidas a quem escreve: a colocação pronominal. Como já apontamos anteriormente, existe uma diferença de tratamento entre a norma culta (por exemplo: Dê-me um chocolate.) e a fala popular (por exemplo: Me dá um chocolate.). Vamos tentar descortinar, da forma mais simples e clara possível, o que a Gramática estipula sobre esse assunto.

Todos os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, os, as, lhes) podem ocupar três posições em relação ao verbo: a próclise (antes do verbo). Exemplo: “Ele me pagou a dívida.” A mesóclise (no meio do verbo). Exemplo: “Ele pagar-me-á a dívida”. E a ênclise (depois do verbo). Exemplo: “Ele pagou-me a dívida.”

Neste capítulo, vamos nos ater à próclise. Segundo as regras gramaticais, ela deve ser usada sempre que houver uma palavra atrativa que justifique o adiantamento do pronome em relação ao verbo. Eis os casos em que a próclise deve ocorrer:

  1. Em orações que contenham uma palavra ou expressão de valor negativo (não, nunca, nada, ninguém ). Exemplos: “Ninguém se apaixona de propósito.” “Não nos iludamos com as promessas do governo.” “Jurema nunca lhe contou a verdade.” “Papai nada me disse sobre esse assunto.”
  2. Nas orações em que haja advérbios. Exemplos: “Aquele sonho jamais se” “Ontem te viram num prostíbulo.” “Aqui se faz, aqui se paga.”
  3. Quando vem após pronomes indefinidos (alguém, todos, poucos etc.). Exemplos: “Alguém me disse que tu andas feliz.” “Poucos nos estendem as mãos nas horas difíceis.” “Todos se encantaram com a paisagem.”
  4. Nas orações iniciadas por pronomes e advérbios interrogativos (quem, qual, que, quando etc.) Exemplos: “Quem irá me amparar no futuro?” “Quando nos convidaram para ir ao casamento?” “Qual momento te fez mais feliz?”
  5. Quando houver um pronome relativo (que, qual, onde etc.) antes do verbo. Exemplos: “Eis o local onde nos” “Há questões nesse processo que me dizem respeito.” “Ela é a pessoa de quem lhe falei.”
  6. Após frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo). Exemplos: “Como nos alegram essas crianças!” “Como me maltrataram naquela casa!” “Deus te abençoe!”
  7. Após conjunções subordinativas (embora, se, conforme, logo, porque etc.). Exemplos: “Embora me agrade, não poderei aceitar a proposta.” “Conforme lhe disse, a vaga já foi preenchida.” “Vou ficar irritado se você me” “Eles já disseram que se comprometeram a pagar a dívida.”
  8. Após pronomes demonstrativos (este, esse, aquele, aquilo, essa, esta, aquela etc.). Exemplos: “Isso o animou muito.” “Aquilo me deixou muito triste.” “Aquele mestre lhe ensinou tudo o que sabia.”

 

A próclise não deve ser usada nas seguintes situações:

  1. No início das orações. Exemplos: “Diga-me seu nome.” “Contaram-lhe uma falsa história.”
  2. Nas orações imperativas afirmativas. Exemplos: “Sente-se agora e coma.” “Faça-me o favor de sair daqui.” “Ordeneite a seguir as regras deste estabelecimento.”
  3. Em orações reduzidas de gerúndio e de infinitivo. Exemplos: “Sorriu, sentindo-se” “Convém dar-me uma resposta agora.”

Quando não existir uma palavra atrativa que obrigue ao adiantamento do pronome, o uso da próclise pode ser facultativo. Exemplos: O diretor me ligou ontem. O diretor ligou-me ontem. Mariana se esqueceu do encontro. Mariana esqueceu-se do encontro. O bandido escondeu-se na mata. O bandido se escondeu na mata.

 

No próximo artigo, trataremos da mesóclise e da ênclise.

 

Colaboração: Sérgio Martins (ex-professor do CEFSA e atual colaborador do Setor de Comunicação nos serviços de revisão de textos)

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3 comentários em “Desvendando a Gramática – Parte XII: Colocação pronominal – Próclise

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