Alimentação diz respeito à ingestão de nutrientes, mas não podemos nos esquecer de compreender melhor o significado de “comida de verdade”. Michael Pollan, um jornalista norte-americano que se tornou famoso por suas obras literárias sobre a alimentação moderna, diz que “comida de verdade não entra pela janela do carro”, referindo-se aos fast food comprados em drive-thrus. Ele diz ainda que não deveríamos comer nada que nossos avós não reconhecessem como comida, aludindo à mudança no padrão alimentar entre as gerações. A comida de verdade é aquela que atende não apenas às nossas necessidades nutricionais, mas também às nossas demandas psicossociais, culturais e às do meio ambiente como um todo.
No Centro Educacional da Fundação Salvador Arena estamos sempre desenvolvendo ações estratégicas para a promoção de uma alimentação equilibrada. E como diretriz para traçar estas ações, utilizamos como referência o guia alimentar para a população brasileira (2014), que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável, configurando-se como instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutricional, entre outros setores.
Para a elaboração do cardápio, seguimos algumas das recomendações desse guia, como por exemplo:
– Os alimentos in natura ou minimamente processados, que consideramos como base de uma alimentação balanceada, predominantemente de origem vegetal em sua grande maioria, proporcionam uma alimentação mais saborosa, culturalmente apropriada e sustentável. Podemos citar alguns alimentos in natura que são cultivados em nossa horta e que frequentemente são servidos nos refeitórios: alface, acelga, rúcula, escarola, repolho, espinafre, agrião, salsinha, salsão, cebolinha, beterraba, couve-manteiga, rabanete, entre outros. E para garantir a maior variedade possível, também adquirimos outros insumos dos nossos parceiros.
– Os alimentos processados são fabricados pela indústria com a adição de sal ou açúcar ou outra substância de uso culinário a alimentos in natura, para aumentar sua durabilidade e torná-los mais agradáveis ao paladar. São produtos derivados diretamente de alimentos e reconhecidos como versões dos alimentos originais. Usualmente, são consumidos como parte ou acompanhamento de preparações culinárias feitas com base em alimentos minimamente processados. Exemplos: ervilha, palmito, conservados em salmoura ou em solução de sal e vinagre, extrato ou concentrado de tomate (com sal e/ ou açúcar), carne seca e toucinho, queijos etc. Esses tipos de alimentos são de uso controlado para mantermos o equilíbrio do cardápio.
– E, por último, os alimentos ultra processados, que também têm uso controlado. Segundo o NUPENS/USP (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde Pública, da Universidade de São Paulo) são classificados como alimentos ultra processados itens de consumo que correspondam a formulações industriais de substâncias extraídas de alimentos ou sintetizadas com base em substratos de alimentos ou outras fontes orgânicas, com pouca ou nenhuma adição do alimento natural.
Portanto, quando pensamos em alimentação saudável não podemos nos esquecer de englobar todos os aspectos relevantes, considerando o ato de comer uma relação com nosso corpo, nossas emoções e fatores socioculturais.
Fonte de pesquisa:
www.ecos-redenutri.bvs.br
www.bvsms.saude.gov.br
Michelle Regina Ramos Gratieri (Coordenadora do Restaurante do CEFSA)
Graduada em Nutrição
Especialista em Nutrição Clínica em Pediatria