No mundo pós-pandêmico, ao passo que as redes sociais permitem a inclusão do indivíduo na sociedade, um componente psicológico extremamente negativo surge no meio virtual. Hoje, quando se faz uma postagem nas redes sociais, muitas vezes se pretende mostrar aquilo que é desejado para a vida, em oposição àquilo que realmente é exequível, fato que causa somente confusão na transmissão de informações. Afinal, as desilusões fazem parte do cotidiano.
Diante desse cenário, é notório que a legitimação das realidades individuais passe a ser validada além do círculo familiar, na aprovação, ou não, dos outros usuários da internet. Nesse processo de autoafirmação, o indivíduo dá enfoque cada vez maior a si mesmo num processo egoístico, o que resulta, individualmente, em um isolamento pessoal, e globalmente, em uma polarização da sociedade.
O ser humano tem como capacidade constituinte a participação em processos culturais e, por isso, requer complexo processo de formação. Além disso, a transição entre uma fase e outra da vida demanda uma série de fatores — individuais e coletivos — para que não lhe sejam deixadas lacunas diante das novas responsabilidades socialmente impostas, tais quais o estudo, o emprego e a participação política.
Nesse sentido, a educação, a família e os laços construídos no caminho do jovem dependem estritamente da importância dada à comunicação no seu percurso de vida. Na era digital em que vivemos, há uma corriqueira transmissão multilateral de informações jamais vista antes, acompanhada pela facilidade que temos de nos engajarmos e adotarmos posturas ativas frente às informações recebidas. Dessa forma, o sujeito passa a antecipar etapas, deixando lacunas no seu desenvolvimento pessoal.
No entanto, o cidadão atual possui todas as ferramentas necessárias para que as causas de seu ambiente social sejam compreendidas e analisadas. Então, qual é a razão da grande instabilidade social que observamos e da opressão sofrida por grupos minoritários hoje?
Embora as pressões sociais que inspiram as mudanças ainda existam, é preciso considerar, sobretudo, a atual crise das utopias segundo as quais as grandes aspirações humanas parecem estar cada vez mais perdendo suas forças. Isso pode ser percebido pela fragilidade ideológica que tem início nas manifestações no cenário político e se reflete na sociedade.
Além disso, existem ainda fortes discussões sobre as injustiças históricas em relação às minorias e sobre o que será feito para a recuperação de seus direitos. Porém, o imaginário coletivo sobre uma realidade perfeita, onde todos viveriam de forma completamente harmoniosa e livre de conflitos, tornou-se totalmente obsoleto. Portanto, a educação constitui-se em fator fundamental no combate ao isolamento do indivíduo e à desordem no meio virtual. Para a realização de tal meta, o poder crescente das tecnologias terá de ser superado pela capacidade de dialogar. Assim, a formação de sujeitos autônomos implica uma educação humanizadora, que substitua a mera transmissão de conhecimentos e atinja um grau de inclusão tão acolhedor, que resultará em uma melhor relação indivíduo-mundo, e fará dos jovens tão jovens quanto deveriam ser.
Referências:
BRANDÃO, Sílvia Regina. O percurso formativo de jovens na sociedade contemporânea, 2008. Psicologia USP, 19(4), 455–466. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-65642008000400004
SHIRKY, Clay. How social media can make history, 2012. TED-Ed. Disponível em: https://ed.ted.com/lessons/clay-shirky-how-social-media-can-make-history
• Autores: Caio Ramalho Paes, aluno do Ensino Médio, do Colégio Engenheiro Salvador Arena
• Orientador: professor Fernando Carvajal