É inegável que, hoje em dia, a Inteligência Artificial já faz parte do cotidiano da população em vários setores. As pessoas mal percebem a quantidade de situações que a IA pode influenciar, tanto em recomendações via algoritmo, assistentes virtuais, sistemas de reconhecimento facial como em coleta de dados via Big Data. Essas aplicações têm gerado polêmicas no que se refere à parte ética do seu uso, como privacidade e segurança do usuário e o limite do controle e influência da Inteligência Artificial. Portanto, é necessário compreender os problemas e responsabilidades da questão ética na Inteligência Artificial.
Um dos maiores usos no âmbito popular é a criação de imagens ou vídeos gerados via Inteligência Artificial. São ferramentas que criam deepfakes, ou seja, vídeos em que uma IA capta as feições e a voz de alguém e as posiciona no rosto de outra pessoa, criando um vídeo ultrarrealista, técnica que tem sido usada para manipular narrativas ou difamar reputações de pessoas públicas, entre elas, políticos, artistas, atletas e personalidades da mídia. Mesmo já sendo disseminada, grande parte da população ainda não tem conhecimento e discernimento suficiente para conseguir diferenciar o que é real e o que é uma imagem gerada por IA, criando uma grande responsabilidade para aqueles que produzem esse tipo de material.
A massiva coleta de dados necessária para que uma IA possa operar de forma autônoma também é uma das questões éticas mais debatidas. As tecnologias dependem de grandes volumes de dados para treinar seus modelos e melhorar suas previsões e funcionalidades (Machine Learning). Contudo, esses bancos de dados levantam sérias preocupações para os usuários no que se refere à sua privacidade e ao uso de informações pessoais e à possibilidade de esses dados serem expostos sem consentimento, além, é claro, da falta de transparência sobre como eles são coletados.
Além de tudo o que foi comentado, o aumento do desemprego devido à adesão da Inteligência Artificial também tem sido objeto de debate. Com a automação de diversas tarefas que antes eram executadas por seres humanos, como atendimento ao cliente ou análise de dados, há um temor crescente de que muitas profissões sejam extintas ou reduzidas drasticamente. A IA tem o potencial de substituir postos de trabalho em setores como manufatura, serviços financeiros e até a medicina, gerando um grande desafio para a sociedade em geral, que precisa se adaptar a essa nova realidade, garantindo a requalificação da força de trabalho como um todo.
Diante de tudo isso, fica claro que a Inteligência Artificial traz tanto oportunidades quanto desafios significativos. Embora tenha o potencial de transformar positivamente diversos setores, sua adesão exige uma reflexão profunda sobre questões éticas, como privacidade, segurança, manipulação de informações e o impacto no mercado de trabalho. A criação de conteúdos falsos e a coleta massiva de dados demandam uma abordagem responsável e cuidadosa para garantir que os direitos dos indivíduos sejam respeitados e protegidos. Além disso, o próprio avanço da IA impõe uma responsabilidade coletiva para assegurar que os benefícios dessa tecnologia sejam compartilhados de forma limpa. Portanto, é fundamental que governos, empresas e a população trabalhem juntos para regulamentar e orientar o uso da inteligência artificial de maneira equilibrada, promovendo um futuro em que a tecnologia seja aliada ao bem-estar social e ao desenvolvimento humano.
Referências:
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PITEIRA, M.; APARICIO, M; COSTA, C. J. A Ética na Intligência Artificial: Desafios. Repositório ISCTE-IUL, v. 1, n. 1, p. 1-6, mai. 2022. Disponível em: <article_60896.pdf> Acesso em: 06 mar. 2025.
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• Alunos: Bruno Alves Guirado, Lucas Guedes Pereira, Júlio César Moreira Pereira
• Orientações: Marcones Cleber Brito da Silva