Já vimos nos artigos anteriores sobre as técnicas e estratégias para se produzir um bom texto dois aspectos relevantes: o primeiro, explicitando a importância de se saber redigir bem, com clareza, objetividade e correção, e o segundo sobre os tipos de composição. Neste, o tema a ser focalizado diz respeito aos modos de se estruturar o texto.
Ao ler um texto, podemos claramente acompanhar a linha de raciocínio de seu autor. Por isso, é muito importante conhecermos os métodos de investigação e os tipos de raciocínio a eles relacionados para que possamos identificar as formas como o texto é composto.
Os dois métodos básicos de investigação, largamente utilizados na pesquisa científica e também pelas ciências humanas, são a análise e a síntese. A análise consiste na decomposição de um todo em suas partes, partindo-se dos efeitos para se chegar às causas. É o que acontece, por exemplo, quando um químico faz experiências para descobrir os elementos que compõem uma substância ou quando um professor de Português mostra aos alunos os elementos morfológicos e sintáticos num texto.
A síntese é o oposto da análise. É um método em que se vai da parte para o todo, das causas para os efeitos. Exemplos: o químico misturando os elementos para obter determinada substância ou o médico perguntando o que o paciente sente para fazer o diagnóstico.
A partir desses dois métodos temos dois tipos de raciocínios, que compõem os caminhos do pensamento humano: o dedutivo, ligado à análise, e o indutivo, relacionado à síntese. Aplicando todos esses conceitos à elaboração do texto, chegamos a duas estruturas básicas: a linear, que tem como fundamento o método indutivo, baseado na síntese, e a cíclica, fundamentada no raciocínio dedutivo, que tem por base a análise.
A estrutura linear é, sem dúvida, a mais utilizada por ser a mais ensinada nas escolas. Nela, os argumentos vão progressivamente se somando em direção à conclusão. Cada ideia se relaciona com a anterior e, também, com a posterior. O autor vai induzindo o leitor a determinadas conclusões.
Na estrutura cíclica, o escritor inicia o texto pela conclusão; em seguida, parte para o desenvolvimento das ideias e, finalmente, reitera as mesmas ideias apresentadas na introdução, sintetizando-as no final. Este tipo de estrutura é usado quando se deseja prender o interesse do leitor desde o início do texto. Nele predomina o raciocínio dedutivo, decorrente da análise.
Além desses dois tipos, o redator pode fazer uso de duas outras estruturas que poderíamos chamar híbridas, por assim dizer: a cíclico-linear e a linear paralela. A cíclico-linear pode ser definida como uma estratégia para manter o leitor o tempo todo atento ao processo de raciocínio que o autor desenvolve ao redigir o texto. Ela consiste em reiterar uma determinada frase diversas vezes, no decorrer do texto, como se fosse um refrão de música. É muito usada em discursos de políticos e sindicalistas, em sermões religiosos ou por advogados defendendo uma causa. Neste caso, tanto os métodos de investigação como os tipos de raciocínio podem ser usados simultânea ou alternadamente.
A estrutura linear paralela é, geralmente, usada pelo autor que deseja, ou precisa, desenvolver, concomitantemente, duas ou mais ideias ou opiniões. É a ideal quando se quer confrontar ideias contraditórias ou discorrer sobre mais de um aspecto de um mesmo assunto, apresentando, na conclusão, o que considera mais correto. Para este tipo de estrutura, pode-se fazer uso de qualquer dos métodos de investigação e tipos de raciocínio. Oportunamente, iremos apresentar exemplos de textos que utilizam os tipos de estrutura aqui tratados.
Colaboração: Sérgio Martins (ex-professor do CEFSA e atual colaborador do Setor de Comunicação nos serviços de revisão de textos)