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Centro Educacional da Fundação Salvador Arena

A mulher na sociedade de classes

Com o passar dos anos, a análise do capitalismo se apresenta cada vez mais relevante para a compreensão da situação do povo, dos trabalhadores e trabalhadoras que garantem a manutenção da economia brasileira. Tal fato pode ser explicado pela teoria marxista, desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels no século XIX, que define as duas principais classes sociais presentes no sistema econômico baseado no capital: a burguesia e o proletariado.

A classe burguesa representa os donos dos meios de produção, como fábricas, empresas e grandes latifúndios. Também chamada de classe dominante, ela garante seu enriquecimento através da exploração da classe trabalhadora, por meio da extração da mais-valia: disparidade entre o salário pago e o valor produzido pelo trabalho. Ademais, segundo Marx e Engels, esta classe controla o Estado e as instituições sociais, como mídia, educação e cultura, assim propagando seus ideais e interesses – a ideologia dominante – para a manutenção de seu poder sobre a sociedade e normatizando as relações sociais capitalistas.

O proletariado, por outro lado, representa a classe que vende sua força de trabalho em troca de um salário. Ela está submetida à ação de duas forças coercitivas características do capitalismo: alienação e ideologia dominante. A primeira define-se pela perda de controle do indivíduo sobre o próprio trabalho e, como consequência, sobre a própria vida. A ideologia dominante, em contrapartida, retrata o resultado da relação de superioridade das ideias de uma classe sobre a outra, assim como foi explicado acima.

Para as mulheres da classe trabalhadora, a situação se agrava na medida em que elas sofrem, simultaneamente, pelas relações sociais de gênero e classe. O capitalismo influencia profundamente essas relações sociais de tal forma que, em seus primórdios, após a implementação da propriedade privada, ele foi um poderoso gerador de famílias patriarcais, formadas a partir da dominação masculina e da opressão feminina. A partir dessas formações familiares, mantenedoras do casamento monogâmico, houve também a inserção das proletárias em trabalhos considerados femininos, usualmente considerados de inferior importância quando comparados a serviços masculinos. Deste mesmo modo, estabeleceu-se o trabalho reprodutivo, ou seja, o trabalho doméstico, tradicionalmente destinado às mulheres.

Compreendida a relação entre propriedade privada e opressão da mulher, devemos entender o gênero feminino como constructo social. É por essa razão que Simone de Beauvoir afirmava que “não se nasce mulher, torna-se mulher”. Assim, sem relação com a diferença biológica de sexos, esta forma de desigualdade se apresenta como produto das relações capitalistas patriarcais de gênero. A manutenção da dominação masculina é sustentada pela base material e ideológica que classifica o sexo feminino como submisso, definindo dessa forma a “essência feminina”. Este alicerce ideológico garante a educação das meninas direcionada à aceitação da desigualdade. Consequentemente, até os dias atuais, a sociedade percebe como “natural” a designação das tarefas domésticas para as mulheres. Dessa maneira, em detrimento das relações sociais de sexo – o patriarcado em questão – que levam a mulher a uma posição de inferioridade, e de classe, que são marcadas pela exploração da força de trabalho proletária, há uma concretização cada vez maior da opressão e apropriação que o sexo feminino operário sofre, já que as circunstâncias de ambos os sistemas estão articuladas, representando a lógica de vasos comunicantes.

• Autores: Giovana Silva dos Santos e Caroline Martins de Jesus, alunas do Ensino Médio, do Colégio Engenheiro Salvador Arena.
• Orientador: professor Denis Oliveira da Silva.

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