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Centro Educacional da Fundação Salvador Arena

Desvendando a Gramática – Parte XIII: Colocação pronominal – Mesóclise e Ênclise

Vimos, no capítulo anterior, os diversos casos que exigem a colocação do pronome pessoal antes do verbo, o que é denominado próclise. Nesta página, iremos tratar das outras duas formas de colocação pronominal, a mesóclise e a ênclise.

A mesóclise é um tipo de colocação pronominal que praticamente deixou de existir na língua falada e que muito raramente aparece em textos escritos atuais. É um recurso estilístico quase que exclusivo da linguagem culta e da modalidade literária.  Trata-se do posicionamento do pronome oblíquo átono nos tempos verbais futuro do presente e futuro do pretérito do modo indicativo. Exemplos: “Contar-te-ei toda verdade no momento oportuno.” “Eles procurar-me-iam caso necessitassem de ajuda.”

Duas observações importantes sobre a mesóclise: a) caso na frase apareça um dos elementos que caracterizam a próclise, a mesóclise deixa de ser usada. Exemplos: “Tudo te contarei no momento oportuno.”(o pronome indefinido “tudo” atrai o pronome “te” para antes do verbo). “Eles não me procurariam caso necessitassem de ajuda.”(o advérbio de negação “não” antecipa o pronome “me” para antes do verbo).  b) Com os verbos no futuro do presente e futuro do pretérito jamais ocorre a ênclise.

Por último, temos a ênclise, que é a colocação do pronome depois do verbo. O primeiro ponto a se destacar é que a ênclise somente deve ser usada quando a próclise ou a mesóclise não são possíveis. Vejamos as principais regras:

  1. Com verbos no início do período. Exemplos: “Sabe-se que a temperatura global está aumentando.” “Cuide-se” “Disseram-me que ela não viria à festa.” “Tirem-me daqui.” Obs.: Na linguagem coloquial no Brasil, essa regra não é obedecida. Exemplos: “Me disseram que ela foi vista com outro.”(em vez de “Disseram-me…”). “Me dê esse caderno já.” (em vez de “Dê-me…”)
  2. Nas orações em que os verbos estejam no modo imperativo afirmativo. Exemplos: “Diga-lhe toda a verdade.” “Levante-se e enfrente o inimigo.” “Alunos, sentem-se, por favor.”
  3. Em orações reduzidas de gerúndio. Exemplos: “Joana sorriu, sentindo-se” “Tratou o enfermo consolando-o e ouvindo-o com interesse.” “Luisa começou a chorar, lembrando-se de sua infância.” Obs.: não se deve usar a ênclise nas orações reduzidas de gerúndio se na frase constar a preposição “em”. Exemplos: “Em se tratando de dinheiro, não há perdão.” “Em se falando de doença, todos nós somos vítimas.”
  4. Nas orações reduzidas de infinitivo. Exemplos: “Convém dar-me uma resposta agora.” “O segurança veio advertir-nos do perigo antes que fosse tarde.” “Espero dar-te boas notícias logo”.

Quando não usar a ênclise? Resposta: quando ocorrer na frase uma palavra que atraia o pronome para antes do verbo (ou seja, basicamente, com as regras já apresentadas sobre a próclise).

  1. Com palavras negativas: “Nunca me falaram sobre isso.”
  2. Com conjunções subordinativas: “Conforme lhe disse, não estou interessado.”
  3. Com pronomes relativos: “Há situações que nos abalam muito.”
  4. Com pronomes interrogativos: “Quem te perguntou isso?”
  5. Com pronomes indefinidos: “Ninguém o viu na escola ontem.”
  6. Com pronomes demonstrativos: “Aquilo me deixou extremamente triste.”
  7. Nas frases exclamativas ou optativas: “Deus me livre!”

A seguir, no próximo capítulo, veremos um conteúdo muito interessante para quem deseja falar ou escrever de acordo com as regras gramaticais: os vícios de linguagem.

 

Colaboração: Sérgio Martins (ex-professor do CEFSA e atual colaborador do Setor de Comunicação nos serviços de revisão de textos)

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